domingo, 21 de dezembro de 2008

A menina que tinha as unhas mais bonitas do mundo

21 de Dezembro de 2008. Lar da Criança "Irmã Júlia".

Era uma tarde de festa. Um domingo é sempre dia de visita; mas quando se trata do último antes do Natal, a coisa fica diferente. Mais gente se faz presente; pessoas se dispõem a imitar artistas famosos, dublando-os; há bolo e refrigerante, e clima de celebração.

Quando eu me aproximei de um pequeno canteiro, no pátio modesto onde acontecia a festa, vi o meu amigo Filipe agachado, conversando com duas crianças. Eram duas garotinhas que moravam ali, e não demoraram muito para conquistar seu coração bondoso. À medida em que me aproximava, fui notando o vivo entusiasmo na fala de meu amigo; e as duas pequenas mostravam, nos olhos radiantes, a alegria de receber daquele desconhecido tão carinhoso o afeto que provavelmente nunca experimentavam através dos pais, ausentes.

Sentei na beirada do canteiro, junto com o Filipe e as pequeninas, e perguntei a uma delas qual era o seu nome. Respondeu algo baixinho, que não consegui ouvir; mas pude ver no crachá que se chamava Maria e tinha quatro anos. O meu amigo, que acabava de dizer algo à outra menina, virou-se para Maria e lhe disse:

"Olha! Você pintou as suas unhas de azul!! Ficou muito bom."
Reparei nas unhas dela, que estavam coloridas. Era um azul cor de piscina, meio descascado em algumas partes. Os dedinhos minúsculos, com um cisquinho de unha pintada de azul. E Maria sorriu, enquanto Filipe continuava os elogios. Foi quando ele e eu fomos chamados para ajudar em alguma outra coisa, ali na festa. Antes, porém, de ir embora, ele falou para a criança:

"Você tem as unhas mais bonitas do mundo!"

* * *

Minutos depois, circulando pelo pátio, vi outros dois amigos voluntários da Casa Transitória, o Lucas e o Rafael, "fazendo festa" para a pequena Maria. Num gesto espontâneo, ela mostrou as mãos para eles. Era engraçado o jeito como ela fazia; erguia as mãos na altura do rosto, com as costas da mão virada para eles. Percebendo a intenção da menina, um dos dois falou:

"Olha a unha dela, que linda!"

A menina, satisfeita, saiu andando pela festa. E mostrava as unhas para todo mundo. Aquilo tornou-se para ela uma fonte de auto-estima. Só então caiu a minha ficha de que, para uma criança que vive em um abrigo, privada do conforto, e sobretudo sem ter quem lhe dê um pouco mais de atenção (embora o pessoal do Lar seja extremamente dedicado, existem mais de 60 crianças para cuidar), talvez auto-estima seja algo mais valioso que oxigênio.

Antes de eu ir embora, ainda encontrei Maria uma última vez. E advinhe o que ela me mostrou...

* * *

A felicidade verdadeira não se faz sozinha. Muitas vezes é preciso que alguém te diga o quanto a sua presença traz alegria, o quanto é belo o seu sorriso, o quanto é bom poder contar contigo, e até mesmo como são bonitas as suas unhas...
Se nós temos o poder de fazer uma pessoa mais feliz com um simples elogio, que nada mais é do que um reconhecimento sincero de algo positivo que ela possui, então por que não fazer isso o tempo todo? Por que desperdiçar a chance de distribuir alegrias e fazer com que outras pessoas se sintam bem?

É mais uma lição que entra para o meu caderno...

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sonho de Padaria

Quando eu era criança, entrei numa padaria.

E vi um balcão cheio de doces. No fundo, uma prateleira espelhada com vários tipos de pão. O teto de madeira, com luminárias, fazia do ambiente um lugar aconchegante. Era Dezembro; luzinhas natalinas enfeitavam o contorno das portas, um papai noel pendurava-se no alto de um armário. A noite já tinha caído, e a padaria estava cheia de gente, a rua estava cheia de gente, a cidade estava cheia de gente.

E eu, agarrado ao braço da minha mãe, lhe fiz um único pedido: queria aquele sonho, aquela coisa cremosa e mágica que repousava solitária na bandeja; aquele sonho que eu vislumbrava pelo vidro do balcão. Num gesto que só as mães têm, ela pediu para a mocinha embrulhar o sonho que encantaria a mesa do nosso café da noite.



E naquela noite eu me lambusei naquele doce; adormeci com os dentes cheios de creme e acordei há alguns dias, numa cidade já nem tão cheia de luzes, nem tão cheia de gente. Num lugar onde os balcões de padaria parecem todos iguais, infestados de pães duros ou emborrachados demais; onde o amor se esconde atrás dos olhos ansiosos de uma humanidade carente...

Olhei para cima num ato instintivo. Quando a coisa aperta, sempre olhamos para cima. Quis descobrir se ainda existiam crianças que se lambuzavam em sonhos de padaria; quis saber se o mundo sempre foi desse jeito, se eu é que ainda tenho os dentes sujos de creme enquanto o mundo tem bafo de cebola.

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segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Pesquisas Recentes

Sabem, viver é um barato. Discorde se eu estiver mentindo: a vida é tão versátil que podemos fazer dela o que quisermos. Vou dar alguns exemplos, para ser mais claro no que eu estou dizendo: é possível, se eu quiser, encarar a vida como um roteiro de cinema e todas as pessoas como personagens. Cada momento uma cena, cada lugar um cenário. É um modo de ver as coisas.

Há quem tenha uma personalidade sistemática e leve a vida como uma linha de produção: o tempo é separado metodicamente entre estudo, trabalho, vida social e necessidades fisiológicas. É um jeito racionalista de se pensar, mas funciona bem para algumas pessoas. Veja que há um contraste entre este estilo de vida e o primeiro; um é mais artístico, o outro mais funcional. Citei dois, de tantos milhões que existem...

Não posso dizer que um está certo e o outro não, ou que um é melhor que o outro. Na verdade, identifico em mim mesmo uma mistureba de "sistemas". Dentre os que em mim habitam, existe o Modo Pesquisador. Quando minha "chavinha" está posicionada nessa modalidade, vejo a vida como um imenso campo de pesquisa onde tudo é fascinante e cada momento é uma nova descoberta.

E nas minhas expedições pelos caminhos da existência, observei o seguinte: todo mundo, cedo ou tarde, tem a sensação de que "está faltando alguma coisa no mundo". É quando, de repente, parece que acabou o assunto da humanidade. O dia está sem graça, as pessoas estão sem vida, a comida está sem gosto, não dá vontade de fazer nada.

A palavra que melhor representa isso, na minha opinião, é apatia. Já passei por isso (às vezes ainda passo), e considero como uma das piores coisas que existem. Veja, estar apático é diferente de estar sofrendo. No segundo caso, existe um motivo que, sendo passageiro, uma hora vai embora e então voltamos ao normal (normal = vivendo naturalmente, sem grandes frustrações). Agora, estar apático é simplesmente não se interessar por nada, sem que haja uma causa. Pelo contrário: em tese, tudo está certo, não há nenhum problema em especial; mas o mundo parece sem graça.

Você reconhece a situação de que estou falando? E agora me diga: e quando você está numa vibe positiva, zen, e recebe um choque, ao chegar num lugar onde reina a apatia? A coisa meio que pega, né? Particularmente, gostaria muito de ter o dom que algumas pessoas têm, aquela espécie de luz-própria, capaz de curar as apatias por onde passam. Penso em "pesquisar" métodos para desenvolver isso em mim; mas aí já é história pra outro capítulo. No momento apenas compartilho minhas observações, e, se possível, uma dica: preste atenção ao redor, tente descobrir onde há apatia. Veja se por acaso, o Apathiae mosquitus também não te deu uma picadinha. Vamos unir esforços para manter o fogo do entusiasmo aceso, onde quer que estejamos.

Abraços!

segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Liberdade?

Apesar de curto, este não é um texto de leitura rápida.

* * *

A liberdade existe?

Podemos encontrá-la em algum lugar?

Podemos realmente fazer tudo o que queremos?

A liberdade do outro conta alguma coisa...

ou simplesmente liberdade é festa da uva?

Regras... atrapalham nossa liberdade?

Ser livre é fazer tudo o que dá na telha?

É obedecer aos instintos?

Se ser livre fosse fazer tudo o que tivéssemos vontade,

então não seríamos simplesmente escravos dos instintos?

Ser livre é ser escravo...

ou ter o poder de decidir acima da vontade?

A liberdade é pré-requisito para a felicidade?

Se for, então por que buscamos a felicidade nos vícios...

que nos fazem dependentes?

Dependência e liberdade coexistem...

ou a independência é a verdadeira liberdade?

Falamos tanto em liberdade...

ao menos sabemos o que é isso?

* * *

A Velha Professora muitas vezes nos aparece com os nomes de dor, provação, sofrimento. Por isso fugimos dela. Estamos errados? Não, ninguém gosta de sofrer, prova de que o ser humano foi projetado pra alcançar a felicidade em todos os aspectos da vida. Mas freqüentemente cometemos enganos, e às vezes a nossa vaidade é tamanha que nos impede de corrigí-los. É o caso do aluno que não se conforma com a nota que tirou e atribui a culpa ao professor (sempre maquiavélico, perseguidor). Porém, assim como nossos esportes têm suas regras, o universo também tem as dele. Por exemplo: para entender o conceito de simpatia (sentimento de ligação entre as pessoas), basta observar como uma pessoa dócil se faz agradável e querida com facilidade. Não seria uma espécie de regra? Do tipo 'gentileza gera gentileza', 'ação e reação'?

Ora, se a vida é um eco de nossas ações, então já temos uma notícia boa! Significa que podemos, nós mesmos, produzir os efeitos que queremos. Basta agir conforme desejamos que sejam os resultados. Não vamos confundir dor com infelicidade. A infelicidade verdadeira é rir hoje ao preço de lágrimas em muitos amanhãs.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

A Velha Professora

Lugarejos e cidades pequenas costumam ser os lugares perfeitos para o surgimento de lendas. Contarei uma. Este mito é narrado em Pirapori, sertão do Mato Grosso; ouvi de um caixeiro-viajante que passou por lá.

A vila de Pirapori, com não mais de dois mil habitantes, sobrevive da extração de látex das seringueiras. Como pouca gente mora na área urbana, existem praticamente apenas três ruas no centro da cidade. Uma igreja, uma venda, uma delegacia e uma escola. Aparentemente normal, não é? Seria, se não fosse por uma espécie de figura mitológica que vive lá.

Alguns afirmam tê-la conhecido. Nos seus sermões, o padre prega que a Velha Professora ensina coisas que as outras professoras não conseguem. Velhos seringueiros, que praticamente também são "figuras mitológicas" com seus quase cem anos de idade, afirmam que cedo ou tarde todo mundo conhece essa Velha Professora. Quando ela chega, dizem, não é simpática. É dura, implacável, e faz muito homem velho chorar. Mas, no final das contas, se não fosse por ela, seria muito difícil entender certas coisas. E que depois a vida se torna muito melhor, mais alegre, mais simples.

Como você imagina que ela seja? A geração mais jovem de Pirapori costuma desdenhar o mito, e (como jovem tem mania de achar que sabe tudo) dizem que a tal da Velha Professora é conversa pra boi dormir. "A vida é para curtir", dizem. "Quem precisa de métodos cruéis para aprender alguma coisa? Masoquismo por quê? E além disso, quem falou que eu quero ser como ela me ensina a ser?"

O caixeiro-viajante que seguia do sertão do Mato Grosso para Balneário Camboriú estava sentado ao meu lado, no antigo trem, me contando a lenda de Pirapori. Me disse que já tinha sido ensinado pela Velha Professora, e que a verdade é que ela está em toda parte, não só na vila. Acrescentou que é melhor quando conseguimos aprender sozinhos, mas que quando somos alunos preguiçosos, ou vaidosos demais para fazer as lições, ela chega sem dar aviso. Passa e faz seu trabalho. Infelizmente, tem gente que esquece as lições e continua cometendo algumas gafes. Então a Velha Professora volta e repete o processo. Ainda, acredite, tem gente que resolve brigar com ela! Talvez pense que a revolta e os protestos vão fazê-la ir embora. Ledo engano. Ela só vai quando o aluno aprende. E quando isso acontece, o estudante, seja jovem ou velho, agradece.

Em certo momento, o caixeiro desembarcou. Admiro quem tem essa profissão, pois é como viver sem uma moradia certa, e para isso é preciso coragem. Então, sozinho, olhando pela janela a paisagem correndo apressada, refletia serenamente sobre o que eu acabara de ouvir. Já teria eu conhecido essa Velha Professora? Cheguei a conclusão de que não tive muitas aulas com ela, mas que já aprendi muito. E também concluí que se eu fizer o dever de casa, ela não vai precisar voltar.

Você já ouviu este mito? Se desconfia quem seja a Velha Professora, dê um palpite.
No próximo post eu canto a bola. :)

Raul

domingo, 14 de setembro de 2008

Correspondência

Por onde anda você?

Em minha mochila ainda carrego os apetrechos comuns a nós dois. Nosso último ato corajoso foi retornar a esta selva para realizar as grandes experiências que planejamos. Naturalmente, viemos separados; não tinha como ser de outra maneira.

Os primeiros tempos já passaram, e me parece que as coisas estão dando certo. Estou cumprindo o dever que me foi dado, e sei que você, onde estiver, faz o mesmo. Porém, confesso que hoje me deu uma vontade de dar tudo no mundo para estar com você. Não precisa dizer; eu sei que não posso deixar a saudade roubar minhas forças. Prometo, prometo que vou caminhar com firmeza e não deixarei nada mal feito. Admiro você, por sempre ter tido essa serenidade tão maior que a minha, e mesmo tendo o direito de me tratar como um menino teimoso, ainda me entrega, em vez disso, um sorriso sincero com todo o amor que há no seu coração...

Acontece que eu tenho tanto pra te contar! Tenho certeza que você também tem muito a me dizer... queria apenas que não demorasse muito para chegar o instante que eu mais espero na vida: o de estarmos novamente reunidos, para jamais sentirmos outra vez a agonia da distância! Pois a verdade é que a vida, por mais que eu tente torná-la mágica, nunca será completa se você estiver longe.

Não existem atalhos, eu sei. E desta vez pode confiar em mim, que não hei de trazer-lhe decepção. Estou abastecido de coragem e de esperança, e da luta não irei me retirar enquanto houver alguém precisando de mim. O amor deixou de ser o motivo do meu fracasso e passou a ser a minha maior força inspiradora. Vê? Quando você aparecer, não será mais para me tirar do buraco.

Me despeço, com saudades que você nem pode imaginar. Mas com a esperança de nos vermos em breve!

do seu
Raul

sábado, 23 de agosto de 2008

Gratidão

Professora Raquel,

Tudo começou no dia 22 de fevereiro de 2003.

Sabe quando você olha para os lados em meio a desespero e não vê solução.

Tudo pareceu estar perdido. Pessoas me desprezando, fofocas, intrigas, fome, nervoso, preconceitos, discriminação, e já não sabia mais o que fazer.

E confesso que estava cansada e até mesmo desistido de lutar, mas lá no fundo algo me dizia para continuar.

Foi quando surge alguém e me disse para eu ir até o Mello, que lá eles me ajudariam com cesta básica, pois em meio a tantas confusões o desemprego tomava conta.

Foi aí que decidi ir ao Mello, foi como se estivesse entrando num paraíso.

Pessoas sorrindo, me cumprimentando, como se já nos conhecêssemos a tempos.

Fazia muitos anos que eu não sabia o que era ser bem recebida, e pude ver também que as pessoas pelo simples gesto de ajudar eram muito felizes.

Ao ver as pessoas ajudando sem discriminação, pude sentir um grande bem.

Cheguei ao Mello cheia de problemas e tinha medo de ser chutada como já fui, em outros lugares.

Mas a energia positiva que sentia era tão grande que me fez chegar a professora Raquel e expor a ela de uma maneira fiel e obtive a melhor resposta: tinha ali uma amiga.

E assim foi começando, a cada sábado e a cada aula, um ensinamento, uma palavra que servia para mim.

Alguns ensinamentos eu desconhecia e fui tendo com as palavras da professora Raquel, como um consolo e fui mudando psicologicamente como emocionalmente, e quando ela contavas as histórias nos aprofundávamos de tal forma que 01h30 de aula se tornava muito pouco.

E quando dei por mim, eu que sempre fui estourada com os outros, estava adquirindo e aprendendo o que é ser bom, o que nos leva a ter paciência.

E com meus filhos então ao vê-los tão bem tratados.

E no dia das mães que ganhei minha primeira lembrancinha foi um dia que me emocionou tanto e pude ver que ainda existem pessoas que amam nossos filhos como se fossem deles, educando-os, ensinando-os, a crescerem no bem, para que sejam adultos humildes e dignos, que sejam gente.

E seis meses já se passaram e chegou a hora de agradecer.

Professora Raquel, agradeço a senhora por fazer-me enxergar o mundo de maneira diferente e fazer-me enxergar que:

- ao invés de reclamar, agradecer sempre.

- de poder ver se algo é justo ou não

- de olhar para traz e assumir meus erros e começar tudo de novo de cabeça erguida, sendo digna e honesta.

- ao invés da raiva a calma, a paciência, a sabedoria

- ao invés do ódio o perdão.

- ao invés de praticarmos o mal à alguém, praticar sempre o bem, pois com isto alcançaremos todos nossos ideais, pois com o bem nos elevaremos sempre mais.

- e que Deus e Jesus nos ama mesmo se tivermos pecados, buscando reconhecer o erro e não errar mais.

Pois como disse Jesus, em relação a história da mulher adúltera, que atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado.

Obrigada professora Raquel por me fazer lembrar que tenho um nome, pois há anos ninguém me chamava por ele.

Obrigada por fazer ver que eu posso ser boa

Obrigada por me ensinar a orar e ter forças para passar pelas minhas provações, sim de cabeça erguida sempre e ter fé.

Agradeço também ao Mello por ter este coração enorme de nos colocar pessoas para dar-nos o ensinamento do bem.

Por serem gentis, por serem tão nobres e que a vida os abençoe dando em dobro o que fazem por mim e pelos outros também.

E quando alguém perguntar se no Mello existe cesta básica, direi que existe sim, mas que a maior cesta é a do amor, do carinho , da compreensão, da amizade que vocês dão a mim e a todos.

E em relação ao curso de Orientação Maternal, ele me fez muito bem. Pude aprender muitas coisas me aprimorando mais ainda nos meus conhecimentos.

A oportunidade de poder sorrir novamente por poder freqüentar um dentista, roupas que ganhei e a felicidade que proporcionaram aos meus filhos.

A Marinei que também nos acompanha com a maior paciência a todos mesmo meu agradecimento.

Não digo que mudei 100%, mas digo sim com orgulho que voltei a me amar e com isso passei a ser mais mãe e que agora sei como orientar meus filhos, pois é tudo que mais quero.

Professora Raquel, suas palavras para mim jamais serão em vão, e sempre serão lembradas , bem usadas e passadas adiante principalmente para meus filhos e é com orgulho que hoje meu marido volta a trabalhar e a paz começa a reinar novamente no meu lar.

Agradeço muito que Deus a abençoes a senhora e a todos da Casa Transitória Fabiano de Cristo.

Sentirei muito sua falta professora Raquel, mas lembre-se de que seus ensinamentos permanecerão em meu coração.

A senhora foi o empurrão que faltava em minha vida.

Beijos

Waneressa.


carta escrita por uma gestante que passou pela Casa Transitória (também conhecida como Mello de Moraes). O texto foi aqui reproduzido na íntegra, sem nenhuma alteração ortográfica.


A Transitória muitas vezes é conhecida apenas pelo trabalho de distribuição de mantimentos. Essa carta, escrita como forma de gratidão por uma gestante da Casa, mostra como o trabalho feito lá é muito maior que isso e se diferencia da maioria dos projetos de assistência social que existem. Pudemos ver, pelas palavras da Waneressa, que as 'aulas da Professora Raquel', o sorriso das pessoas, o carinho com que foi tratada, o ambiente de fraternidade que a acolheu ajudaram a transformar sua vida. O principal foi aprender a ter fé e resolver os problemas com dignidade, paz de espírito e compreensão. Não era a cesta básica, embora esta fosse uma ajuda providencial para que a gestante e sua família não passassem fome.

Assim como essa nossa amiga, eu também tenho uma dívida enorme de gratidão para com esse tal de Mello de Moraes, por tudo que eu aprendi e pelo quanto eu cresci lá dentro. Se você não conhece, faça uma visita algum dia.

Abraços

domingo, 10 de agosto de 2008

Se você não tiver muito tempo...

Se você estiver sem muito tempo, não leia o post logo abaixo deste. Não que ele seja longo - mas talvez eu prefira que você leia isto antes.

Mas leia sem pressa - não passe o olho pelas palavras.
Quem sabe isso seja tão importante para você quanto foi para mim...

Rubem Alves - Escutatória

Abraço!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Presenteie seu Pai e comece a pagar só em Setembro!

Você certamente já está cansado de ouvir isso né? Eu sei. Eu também estou;

Sem contar os similares. (Compre uma Poltrona Reclinável para o seu pai em 24x sem juros! Assine Jornal da Madrugada e concorra a um apartamento para seu pai! Garanta a tranquilidade do seu pai comprando cotações de Plantação de Bananas na Lapônia, aqui no Banco Sudameris!)

Ver TV demais faz você achar que, se não gastar uma fortuninha comprando alguma coisa para o seu pai no próximo Domingo, você não gosta dele tanto assim.
Olha só que bagunça fizemos com o amor.

Pais e mães ausentes, por sua vez, costumam "compensar" a distância com presentes. E quando percebem, em certo momento, que os filhos já não mais os procuram para outra coisa SENÃO pedir dinheiro, não entendem uma coisa simples: já que o carinho e a companhia eles não podem ter; já que a única coisa que conseguem dos pais é dinheiro, então eles vão querer conseguir bastante dinheiro.

A pergunta é: essa troca é válida? Compensa?
Você é que vai responder. Se quiser, entretanto, saber a minha opinião, acho que o dinheiro compra tudo. Você vai a uma loja, escolhe o que quer e compra. Resta saber se em alguma loja do mundo há laços verdadeiros em oferta.

Presente, no Dia dos Pais, não basta dar: é preciso estar. Se isso acontecer, transforme todos os dias em Dia dos Pais. Onde você estiver, esteja. Não deixe os momentos e as pessoas mais importantes da sua vida escorrerem pelos seus dedos.

Veja bem: a propaganda é sempre muito bonita, tudo planejado nos mínimos detalhes para que o sistema continue a funcionar. Os magnatas precisam enriquecer, e para isso você precisa consumir! Eu disse CONSUMIR! :)

"Acumula-se capital a fim de se acumular mais capital. Os capitalistas são como camundongos numa roda, correndo sempre mais depressa a fim de correrem ainda mais depressa"
Immanuel Wallerstein


Rever certos valores. Esse era o objetivo do post, e não exatamente vender alguma coisa, como parecia no começo.

quinta-feira, 31 de julho de 2008

Crônicas I

Saudações, queridos blogueiros e leitores! Traga a Paçoquita e vamos festejar o crescimento da nossa comunidade. Quando eu criei o meu primeiro blog, o Colinas, Colina, Planície (azul-marinho.zip.net), devia ter o quê... uns 3 links? A ferramenta "blog" não era mais uma novidade, contudo, ainda não era levada a sério pela galera. A partir desse ano, a taxa de natalidade de blogs tem crescido exponencialmente, e o mais interessante: os blogueiros estão criando vínculos entre si e formando uma comunidade de leitores fiéis e assíduos. E qual a tendência? Continuarmos escrevendo, pois sabemos que haverá sempre alguém lendo. Que firmezinha! :)

Ter blog e comungar com outros amigos que também tem é massa! (quem não tem, espero que morra de inveja e crie um agora!). Além disso, acho que estimula o pensamento e a capacidade de expressão, intelectualiza o sujeito.

Um aparte... você sabe o que é moquém? Se a resposta for não, eu te conto um segredo, cara - nem eu! Vamos ver:

Moquém para quem não sabe é uma armação feita de varas verdes com fogo embaixo onde se coloca carne de caça para assar com fumaça.

fonte: http://www.jocum.org.br/opiniao.php?materia=198

Caraca, não era mais fácil falar que é uma fogueira com um esquema armado para assar carne? Vamos brincar de faz-de-conta. Ligou uma daquelas simpáticas operadoras de telemarketing na sua casa pra dizer que você ganhou uma viagem pra Amazônia naquela promoção do Pão de Açúcar. Você chega lá, e andando pela floresta com uma galera, se perde e vai parar perto de uma tribo maquiavélica comedora de gente. Tu vês um moquém sinistro com aquela cara de "você vai assar aqui" e começar a trancar. Você pega o rádio e fala: "acuda, tô perdido aqui do lado de um moquém" pra um bando de cara-pálida da cidade que não tem cultura jungleman? Não é mais inteligente dizer: "tá vendo a fumaça? é aqui!"?

Não importa, sempre vai existir um acadêmico sórdido em algum canto inventando palavras como moquém, esfaimar, caninana e aljôfar. São termos ímpares, que não constam muito no vocabulário popular. Se hoje, quando a informação está muito mais acessível, a gente ainda se 'cafunde' com esse rebuscamento todo, imagine o caboclo do século XIX, época em que foi lançado Iracema, obra à qual sou grato por servir de fonte às espetaculares extrações de palavras mirabolantes (valeu!!!). Realmente, literatura é uma coisa excludente...

E *shazzam!*, aqui estamos com os nossos blogs para democratizar um pouquinho mais a informação. Serei sincero, devo reconhecer que a parcela dos brasileiros com acesso à internet ainda é pequena... mas já é um passo adiante. As coisas acontecem em etapas.

Por hoje é só, pois tá na hora de dar um wasa-ari. Vazari, no português bruto ;)

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Ah sim! Campanha rapidona para os usuários Blogspot!
Coloquem no blog a nova bagulhinha que inventaram, a lista de links inteligente! Ela mostra os blogs na ordem de atualização, o nome do post e uma palinha dele.

Se todo mundo fizer isso, nossa rede fica mais interessante! ;D

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Que venha o próximo Posto de Queijo!

As férias estão chegando ao fim.

Isso era motivo de velório para mim, nos anos anteriores. É para todo mundo! Mas isso muda quando se está no seu último ano...

Sim, quando a escola terminar, nada mais vai ser como antes. QUE ÓTIMO! A vida é boa em movimento, vocês não acham? :D

Será que por acaso alguém aqui já leu "Quem Mexeu No Meu Queijo?"? É um livro fininho, divertido, e que vale a pena ler. Vou resumir a história, e quem se interessar, procure pelo livro, que não iá se arrepender!

Em um labirinto, viviam dois homenzinhos e dois ratinhos. A vida destas quatro personagens consistia em levantar-se todo dia de manhã, calçar os tênis de corrida e percorrer o labirinto em busca de Queijo, que representava para eles alimento e bem-estar. Certo dia, devassando o labirinto, os dois homens e os camundongos encontraram no Posto Q o que parecia ser um estoque inesgotável de queijo!

Vendo aquilo, os homenzinhos ficaram fascinados. Nos primeiros dias após a descoberta, a rotina era acordar cedo e ir até o Posto Q para conferir se aquela grande montanha de queijo ainda estava lá. Com o passar dos dias, entretanto, eles se habituaram à fartura daquele posto e passaram a se acomodar. Guardaram seus tênis de corrida, agora desnecessários. Acordavam mais tarde, sem pressa, e caminhavam até o Posto Q. Depois de comer queijo à exaustão, voltavam para casa. E assim por diante, todos os dias.

Porém, o mesmo não acontecia com os dois ratinhos. De manhã, os camundongos calçavam seus tênis de corrida e iam até o Posto Q. Depois de restaurarem as forças, percorriam outras áreas do labirinto em busca de novas fontes de queijo, e só ao anoitecer voltavam para casa.

Certo tempo se passou, e os homenzinhos não notaram aquilo que os ratinhos já tinham percebido: o estoque do Posto Q estava chegando ao fim. Os homens acreditavam que tinham encontrado uma fonte infinita, porque há anos que iam lá todos os dias e encontravam queijo em abundância. Porém, um belo, dia... ouviu-se um grito a ecoar por todo o labirinto:

- QUEM MEXEU NO MEU QUEIJO???

Inconformados, procuraram por todo o Posto Q, crentes que alguém devia ter escondido o queijo. Ao anoitecer, sem terem encontrado nada, os homezinhos voltaram para casa. No dia seguinte, certos de que o queijo tivesse reaparecido, voltaram ao Posto Q, que estava vazio. Gritaram, xingaram, e se revoltaram. Por quê? Para onde tinha ido o queijo que sempre foi deles? Por que tamanha injustiça?

Os camundongos, que nunca deixaram de procurar outras fontes de queijo, ao notarem que o Posto Q estava esgotado, se dirigiram a um outro local, onde sabiam existir outro tanto de queijo.

Os homenzinhos, por sua vez, repetiam todo dia o ritual de ir até o Posto Q para ver se o queijo tinha voltado para lá. E ao verem o local vazio, queixavam-se e diziam-se vítimas de um furto, de um golpe. A fome começava a fazer roncar a barriga. Até que um deles disse ao outro:

- Que tal se procurássemos queijo em outro lugar?
- Imagine! Aqui é o nosso lugar. Nosso queijo! Ele há de voltar, e então nossa vida voltará ao normal!

A discussão rolou, e ao ver que seu amigo continuava resistente, o primeiro homezinho calçou novamente seu tênis de corrida, pela primeira vez em muito tempo, e partiu em busca do queijo novo. E resolveu deixar mensagens nos muros, caso o seu amigo um dia resolvesse seguí-lo.


moral da história: curta o seu "queijo", mas jamais considere-o garantido para o resto da vida a ponto de fechar os olhos e "guardar o tênis de corrida". A vida não corre, voa, então é sempre bom estar de olho no "estoque" e saber a hora de partir em busca do novo.

Assim eu vejo a escola. Tá acabando, mas é uma etapa boa que ficou aí nas páginas viradas do nosso livro da vida. Vem coisas novas por aí, a história precisa continuar; e eu quero receber as novas páginas de braços abertos!

Fui. :)

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Galera! Tá aí um novo blog que eu fiz. Ele é...

FIRMEZINHA! ®
Uma novidade para quem gosta de novidades! Sempre trazendo à tona novos livros, bandas, filmes, blogs e o que mais seja interessante e por algum motivo não receba atenção da nossa querida imprensa.

Visite agora mesmo e ainda dê um pitaco! Tá esperando o quê? :)

domingo, 13 de julho de 2008

À medida que o tempo passa...

Aperte o play, relaxe e leia com calma. ;)

 Coldplay - Life in Technicolor









À medida que o tempo passa...


...e apenas à medida que o tempo passa, vamos ganhando a experiência necessária para fazer melhor aquilo que não fizemos como gostaríamos de ter feito.

...já não temos mais tanto medo do fracasso, talvez por já termos falhado outras vezes e termos visto que, no final das contas, o mundo não acabou e estamos aqui, tentando novamente.


À medida que o tempo passa...


...amadurecemos e corremos o risco de nos tornarmos exatamente iguais àqueles que criticávamos tempos atrás. Aqueles lá, que costumávamos dizer que "não sabiam nada".

...descobrimos quem são os verdadeiros heróis. E muitas vezes estes não são os mesmos que aqueles que um dia já tomamos por ídolos.


À medida que o tempo passa...


...adquirimos mais serenidade e já não entramos em desespero quando um problema nos aparece. Nem ficamos tão eufóricos antecipadamente, colocando expectativas altíssimas em tudo e correndo o risco de nos frustramos seriamente.

...vamos deixando de lado as posturas ensaiadas e agindo mais do nosso próprio jeito. E enfim nos sentimos livres, como se tivéssemos nos desvenciliado de pesadas correntes, ao passo que tudo vai se tornando mais fácil e simples.


À medida que o tempo passa...


...descobrimos que o amor é uma lei universal. Não basta amar apenas uma pessoa. Não basta amar apenas aqueles que também nos amam. É preciso amar no infinitivo; viver com amor; colocá-lo em tudo o que fazemos, em cada palavra que dizemos, em cada gesto. E só assim é possível encontrar uma felicidade que não acabe ao final do dia, da festa ou do fim de semana.

...aprendemos a nos amar sem sofrer de inchaço no ego; a ter boa auto-estima sem precisar ficar cantando as próprias qualidades aos quatro ventos; a reconhecermos nossas falhas sem nos sentirmos inferiores e miseráveis.


À medida que o tempo passa...


...percebemos a efemeridade das coisas que o nosso mundo tanto dá valor. Usar apenas roupas de grife, andar em carros de luxo, fazer extravagâncias em festas ou buscar "amores de microondas" (rápidos de fazer, práticos e descartáveis) já não saciam a sede do nosso ser. É preciso algo menos superficial, que traga uma satisfação duradoura e verdadeira.

...vamos encontrando o equilíbrio, e então viver torna-se um prazer imenso e lúcido, uma aventura, uma encantadora possibilidade.

Estas são as minhas reflexões noturnas de domingo, depois de um final de semana maravilhoso.

Abraços do Raul (:

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Fé no Taco

Aos poucos pode ir me soltando, que eu vou caminhando sob meu próprio equilíbrio. Vou abrir os olhos devagar e ir tomando contato com o ambiente a minha volta, concentrado, cuidando para não cair. E no momento em que estiver caminhando com firmeza, vou respirar mais fundo e mirar um alvo na frente, para então ir aumentando a velocidade. Acelerando, a passos largos, quase correndo. Meus braços se erguendo, feito asas, e estendendo-se na linha do horizonte, como a cortar o vento. Cada vez mais veloz, sinto que estou num ritmo mais rápido do que o que os meus pés são capazes de ir, e aos poucos vou deixando de sentir o chão. O sol parece uma bomba de luz e calor, irradiando-se em toda a sua potência, chamuscando de leve a minha pele corada. E eu lá, a planar, à guisa do vento, na direção em que está apontado o meu nariz. Nada mais pode me parar.

Irei pousar em nuvem próxima, carregando você no colo, depois de te buscar naquela rua distante. Vou te sorrir como ninguém te sorriu. Te beijar como ninguém te beijou. Ao cair da noite, catar nas estelas a matéria cósmica e construir uma Lua Minguante para nos servir de rede. No balanço, você dormiria... e quando acordasse, veria que não estava sonhando.

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Fazendo valer!

Novamente peço desculpa aos amigos blogueiros, porque como sou um dos que mais falam que "a nossa Cena Blogueira está ficando anêmica", eu deveria estar exemplarmente comprometido com ela, entretanto, sou o que menos tem atualizado o blog e passado para visitar os de vocês.

Mancada hein? Tenho que dar um jeito em mim mesmo...

Mas vim aqui hoje para dizer o que acontece, responder a mim mesmo perguntas que fiz. Sobre o post anterior, gostaria apenas de acrescentar que a situação ficou bem melhor do que eu estava prevendo. O clima se amenizou, e apesar de um rolinho ou outro, tudo ficou bem.

E a novidade da vez: os "compositores de noite mal-dormida" da escola estão unindo as forças para armar um Festival de Música no Externato. Então, se a dor de cotovelo, o aquecimento global ou a má fase da seleção estão te tirando do travesseiro, pegue papel e caneta e comece a compor, para poder participar do evento!

A escola nunca teve isso, assim, organizadamente. Sempre houveram as Bandas, que pipocavam ora aqui e ora ali, fazendo um barulhinho no intervalo. Mas a idéia dessa vez é realmente botar a gurizada pra compor e tornar isso uma espécie de tradição, algo que envolva os alunos durante o ano todo! E para não correr o risco de virar uma "disputa de egos", a proposta vem acompanhada da solidariedade. Sozinho com o violão? Só se você quiser, porque todos os participantes vão se ajudar mutuamente, fazendo arranjos, acompanhamentos, segundas vozes, etc. Não é o máximo?

Esse é meu último ano lá, e é assim que eu quero fazer valer. Entendo o fato de a maioria superdimensionar a importância do baile e da viagem à Porto, e passar o ano todo fazendo sacrifícios para tornar isso tudo realidade. Mas eu sempre fui do contra, né? O que eu quero é ajudar a começar um projeto que eu espero que vire parte da rotina dos futuros navegantes daquela escola...

Vou indo nessa, e pra não dizer que não falei das flores...
"Sê como o sândalo, que perfuma o machado que o fere."
Provérbio

Um amigo meu, um dos mais inteligentes e nobres de coração que já tive a oportunidade de conhecer, me disse uma coisa que eu nunca vou esquecer. Que a vida não é como uma equação de matemática, em que menos com menosmais. Isso quer dizer que, ao se pagar o mal com o mal, o erro com outro erro, uma agressão com outra, que não se espere um resultado positivo.
Vamos, vamos colocar mais amor no coração desse mundo!

Fui :)

sexta-feira, 6 de junho de 2008

A Vida Durante o Período de Guerra

Vou bancar a Anne Frank¹ e lhes narrar como tem sido a vida em Auschwitz² ultimamente.

Silêncio profundo. Uma classe fragmentada em duas alas ideologicamente opostas. É visível o posicionamento dos alunos nesta sala, respeitando rigorosamente territórios determinados. De um terceiro ano que passou a vida escolar inteira junto, esperava-se uma turma unida. Ok, que não fossem todos melhores amigos entre si, mas, ao menos, colegas queridos.

Por que então essa frieza? Será que uma simples diferença de assuntos é pretexto para uma guerra não-declarada?

Ultimamente tenho notado que isso melhorou. Talvez as pessoas dessa sala estejam se aturando mais... pois agora é como se tivessem um inimigo em comum: a outra sala. Assim como vemos no Oriente Médio um interminável revida-revida de ataques terroristas entre Palestina e Israel, nestas últimas semanas um lamentável incidente iniciou uma rixa entre a classe onde eu estudo e a do segundo ano. Em épocas de gincana que movimenta toda escola³, o triste espectro do ódio tomou o lugar onde deveria estar a integração. A tensão entre os dois lados atingiu até mesmo as crianças, que agora rivalizam com seus colegas da outra bandeira.

Faço parte, pela sala em que estou, de uma dessas bandeiras. Mas não concordo com as atitudes de seus membros. Tampouco concordo com a atitude dos membros da outra. Queria apenas que fosse como o ano passado - emocionante -, e queria poder contar com o espírito esportivo de todos. Mas parece que o único espírito presente é o bélico, o confrontista. O espírito de porco.

Queria muito estar me divertindo nesse Dia da Escola, como em todos os outros. Mas por enquanto só estou querendo distância dele. Se me tornei covarde? Não, de forma alguma. Mas desde quando guerras fazem alguém grande?

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¹Anne Frank, autora do famoso diário no qual narra a sua vida em um campo de concentração nazista.
²Auschwitz foi o maior de todos os campos de concentração, onde os judeus capturados pelos nazistas ficavam presos. Relatos de sobreviventes contam sobre os horrores vividos neste lugar localizado ao sul da Polônia, então ocupada pelos alemães.
³Dia da Escola. Gincana realizada pela minha escola anualmente para celebrar o aniversário da instituição e promover uma integração entre todos os alunos.

terça-feira, 27 de maio de 2008

Nosso mundo tem solução?

Acho que se meu blog fosse uma criança, eu já teria perdido a guarda dele sob acusação de abandono.
Peço desculpas se por ventura fiz você entrar à toa algumas vezes, saíndo daqui sem encontrar nada de novo. (:

Nesses últimos dias não tem me sobrado tempo para postar. Em vez de escrever idéias, estou o tempo todo colocando em prática aquilo em que eu acredito. Hoje, numa conversa, me disseram que o mundo não tem mais solução. Que por mais que algumas pessoas tenham bons propósitos, tudo depende dos políticos, das empresas, do dinheiro. Ouvi que, na condição que estamos, não podemos fazer nada.

Não concordei. Afirmei acreditar que qualquer pessoa, em qualquer lugar, começando a partir do nada, pode realizar grandes coisas. E ouvi, em seguida, que a minha opinião era de um otimista, enquanto quem me falava era simplesmente realista.

Discordei, novamente. Afinal, "o homem é a medida de todas as coisas" (Protágoras). Uma vez que somos livres para pensar, somos livres para fazer a nossa própria interpretação do mundo. A realidade varia conforme o observador, conforme postula a Física Quântica.

Algumas pessoas têm uma idéia pejorativa a respeito do otimismo. Acham que é uma forma de auto-ilusão. Mas acredito que o ceticismo (descrença) impede as pessoas de agir, pois se você acha que não vai funcionar, acaba nem tentando. Se acomoda, se mantém inerte. E isso resolve ainda menos o problema...

Acredito que o bem é contagiante. Mas que não basta apenas falar, apenas sonhar, apenas querer. Precisa, muitas vezes, fazer enormes sacrifícios, se privar de muita coisa, engolir sapos. Talvez por isso seja mais simples dizer: é impossível.

***
Se você tem boa-vontade e quer fazer mais, conheça a Casa Transitória.
http://www.casatransitoria.org.br

Adicione o perfil da Casa no seu orkut e receba scraps sobre as campanhas e os trabalhos sociais. Ser voluntário não é apenas coisa que a gente vê na Televisão: é mais legal do que você imagina!
http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=14867120676428648186

sábado, 17 de maio de 2008

sexta-feira, 9 de maio de 2008

Algo sobre compreensão

Quando eu encontro um tempinho livre e despreocupado, gosto de me sentar para escrever. É uma forma terapêutica de dar vazão ao pensamento, além de ser um exercício para melhorar a minha comunicação. Por isso tenho tanta estima pelo meu blog, e pelos blogs dos meus amigos, que me permitem saber o que eles também estão sentindo. Blogs muitas vezes são um desabafório.

Existe muita coisa (diria até a maioria) que a escola não ensina, e que a gente só aprende mesmo prestando atenção na vida. Uma das que eu aprendi, nesse tempo todo, é que o estado de espírito de um contagia muitos. Desde então, tomo cuidado para que o meu ego, muitas vezes carente, não se atole no lodaçal da melancolia, contaminando quem eu mais amo e quero bem. Aprendi que a gente precisa ser feliz.

Desde então, adotei um pequeno ritual para escrever. Quando a dor de cotovelo aparece para um café, eu acabo sendo um pouco mal-educado e não a convidando para entrar. Converso com ela a sós, pela porta dos fundos, e logo me despeço, alegando outros compromissos. Tirando a metáfora de lado, isso quer dizer que eu escrevo minhas tolices necessárias em um caderno, que eu guardo aqui em casa. Porque escrever e publicar é coisa séria.

Para ir para o blog, o texto precisa passar no vestibular. Algo como as três peneiras, de Sócrates. Bem, é verdade que às vezes um ou outro faz a prova no chute e passa, como o texto anterior a esse. Mas em geral, eu penso da seguinte maneira: vamos equilibrar o mundo.

Já estamos carecas de ouvir a teoria de que para haver harmonia é preciso balancear o bem e o mal, e eu sei lá se concordo com isso. Mas de qualquer forma, mesmo que isso esteja certo, dá pra sentir que essa balança tem estado capenga ultimamente. As coisas positivas estão igual a torcida do Francisco Beltrão F. C. (alguém já ouviu falar deste time?), pulando alegremente em um canto do Maracanã, gritando alguma coisa que ninguém ouve direito, porque 99 em 100 cadeiras do estádio estão ocupadas por flamenguistas roxos e vibrantes.

(não estou associando o Flamengo às coisas negativas, por favor, só quis dar um exemplo. Não entendo de futebol.)

Fico besta de ver o mar de gente na porta do 13° DP, esperando a viatura chegar ou sair com o pai e a madrasta de Isabella. Mar de gente que espera horas para protestar e demonstrar indignação; tem gente que até falta no serviço para fazer isso. Oxalá, quem dera a galera tivesse esse pique todo para ficar na porta do Congresso Nacional, exigindo mais comprometimento dos "homens públicos" com suas promessas de campanha; na Avenida Paulista, em marcha pela conscientização ambiental; onde fosse, mas fazendo algo pelo seu próximo.

Se você concorda com o que eu disse, por favor, não se omita. Vamos, com muito prazer, nos levantar todos os dias com o ideal de vestir a camisa do Francisco Beltrão F.C. (no sentido metafórico ali de cima), ideal de fazer tudo diferente; de contestar a sociedade vigente de um modo inteligente: fazendo com sabedoria aquilo que deve ser feito e por algum motivo não é. Sejamos também "agentes modificadores", confeteando alegria por onde passarmos. Confeteando honestidade, confeteando compreensão.

Venha, você não está sozinho.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

No Piloto Automático

Tô por aí, mais uma vez.

Em busca de sei lá o quê, mas sempre em busca.

Ouvindo o vazio dos corações que buscam algo onde não há nada além de vácuo.

Lembrando de quem me esqueceu para esquecer quem não para de pensar em mim por um minuto sequer.

Fazendo meu próprio carnaval sem ninguém pra me jogar confete. Que beleza; estou me sentindo um espírito evoluído assim. Conseguindo ser feliz sem confete.

Muito longe das peripécias que tramei. Meus sonhos todos ainda na casca da árvore que fornecerá a celulose para a Aracruz ou a Nobrecell fazerem o papel, e aí sim nele colocar algum projeto. Quanta distância;

Calminho. Overdosado de suco de maracujá.

(A gente acumula um monte de dinheiro pra fazer volume no banco. A gente acumula um monte de nomes na lista de contatos do MSN pra, quando entrar, precisar procurar alguém pra conversar. Afinal, conversamos com tão poucos. E seria tão chato entrar e não ver ninguém.
Do mesmo jeito que vamos a uma festa e não falamos com todo mundo; mas não iríamos lá se só tivesse meia dúzia de caras-pálidas. )

Estou no piloto automático. Estrada reta dá sono...
Será que na faculdade a vida vai tomar caminhos mais sinuosos?

Nem que seja para passar algum perrengue; furar um pneu, acabar a gasolina, enfim.
Alguma coisa. Quero ter o que fazer...

Fiquem com Deus.

*******
Dicionário dos Marcadores:
/entrelinhas: mensagens não-explicitadas. enigmas.
/estetoscópio: instrumento através do qual se escuta o coração de uma pessoa.

quarta-feira, 23 de abril de 2008

Amor, que nunca vai nos separar.

Durante um confronto bélico, um orfanato de missionários, numa aldeia vietnamita, foi atingido por várias bombas.

Os missionários e duas crianças morreram na hora e muitas ficaram feridas, inclusive uma menina de 8 anos.

Através do rádio de uma aldeia vizinha, os habitantes buscaram socorro dos americanos. Um médico da Marinha e uma enfermeira chegaram trazendo apenas maletas de primeiros socorros.

Perceberam logo que o caso mais grave era o da menina. Se não fossem tomadas providências imediatas, ela morreria por perda de sangue. Era urgente que se fizesse uma transfusão.

Saíram à procura de um doador com o mesmo tipo sangüíneo. Os americanos não tinham aquele tipo de sangue, mas muitos órfãos que não tinham sido feridos poderiam ser doadores.

O problema agora, era como pedir às crianças, já que o médico conhecia apenas algumas palavras em vietnamita e a enfermeira tinha poucas noções de francês.

Usando uma mistura das duas línguas e muita gesticulação, tentaram explicar aos assustados meninos que, se não recolocassem o sangue perdido, a menina morreria.

Então perguntaram se alguém queria doar sangue. A resposta foi um silêncio de olhos arregalados.

Finalmente, uma mão levantou-se timidamente, deixou-se cair e levantou de novo.

Ah, obrigada - disse a enfermeira em francês. - Como é o seu nome?

O garoto respondeu em voz baixa: Heng.

Deitaram Heng rapidamente na maca, esfregaram álcool em seu braço e espetaram a agulha na veia.

Durante esses procedimentos, Heng ficou calado e imóvel.

Passado um momento, deixou escapar um soluço e cobriu depressa o rosto com a mão livre.

Está doendo, Heng? - perguntou o médico. Heng abanou a cabeça, mas daí a pouco escapou outro soluço e mais uma vez tentou disfarçar.

O médico tornou a perguntar se doía, e ele abanou a cabeça outra vez, significando que não.

Mas os soluços ocasionais acabaram virando um choro declarado, silencioso, os olhos apertados, o punho na boca para estancar os soluços.

O médico e a enfermeira ficaram preocupados. Alguma coisa obviamente estava acontecendo.

Nesse instante, chegou uma enfermeira vietnamita, enviada para ajudar. Vendo a aflição do menino, falou com ele, ouviu a resposta, e tornou a falar com voz terna, acalmando-o.

Heng parou de chorar e olhou surpreso para a enfermeira vietnamita. Ela confirmou com a cabeça e uma expressão de alívio estampou-se no rosto do menino. Então ela disse aos americanos:

Ele achou que estava morrendo. Entendeu que vocês pediram para dar todo o sangue dele para a menina poder viver.

E por que ele concordou? Perguntou o médico.

A enfermeira vietnamita repetiu a pergunta, e Heng respondeu simplesmente:

Ela é minha amiga.

com base na história Um amor maior, de John W. Mansur,
de O livro das virtudes, de William J. Bennett,
ed. Nova Fronteira.

Vemos muitas vezes, por todos os cantos, pessoas capazes de matar por amor. Enquanto isso, em um distante Vietnã, o pequeno Heng estava disposto a morrer por amor. Pela namorada? Não; por alguém que ele considerava sua amiga. Falei da namorada porque raramente se concebe o amor separado dos beijos, dos amassos e de... só Deus sabe o quê.

Essa história chega a ser chocante para uma cultura calcada em filmes de Hollywood e poetas da 2ª geração do romantismo: em vez do típico “eu em primeiro lugar”, o doar de si mesmo sem esperar nada em troca. Isso soa algo absurdo perante o nosso individualismo estúpido.

Gente... de onde tiraram que suicidar-se depois de uma desilusão afetiva é morrer por amor? E que ciúmes é amor em excesso? Dependência, amor? Ora, dependência é dependência. Amor neste caso é um eufemismo, ou seja, um jeito menos radical de se dizer isso. Olha que bagunça nós fizemos com esta palavra... (na verdade com o sentimento inteiro).

Fica aí para se pensar. E entender o significado do amor, afinal, também não vale dizer “eu te amo” a torto e direito apenas para exercitar as cordas vocais. O amor não é a palavrinha... Heng amava tanto aquela amiga que não precisava ficar dizendo. Um sentimento nobre não se pronuncia, se testemunha.

Abraços a todos, e muito obrigado por lerem este blog. (:

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Quadrilha

João amava Teresa que amava Raimundo
que amava Maria que amava Joaquim que amava Lili
que não amava ninguém.

João foi para os Estados Unidos, Teresa para o convento,
Raimundo morreu de desastre, Maria ficou para tia,
Joaquim suicidou-se e Lili casou com J. Pinto Fernandes
que não tinha entrado na história.

(Carlos Drummond de Andrade)


César: Caraca, que rolo! A Lili bem que podia amar o João. Aí rolava um hexágono amoroso...
Pedro: O troca-troca bem que lembra uma quadrilha mesmo.
César: De criminosos?
Pedro: Não!! De festa junina, né César?! Os pares se trocam...
César: É, faz sentido.

César: Só não entendi por quê a logo a Lili, que não gostava de ninguém, foi a única que se casou!
Pedro: Ué! Tá na cara! Ela devia ser a boazuda da cidade; esnobou todo mundo e se casou por interesse!
César: Será?
Pedro: Claro! Olha o cara com quem ela casou; nem tinha nome-próprio, era um sobrenome ambulante! E com certeza o J. não era de Joaquim... morto não casa!
César: É, verdade mesmo.

Pedro: Olha, a Lili foi a única que terminou a história com alguém, não é?
César: Foi.
Pedro: E se a Maria ficou para tia, será que elas eram irmãs?
César: Olha, sei lá. Se eram, a Maria deve ter ficado indignada de ver a irmã fazendo pouco caso do Joaquim.
Pedro: Pior seria se a Lili tivesse dado uns 'cato' nele. O J. Pinto Fernandes ficava viúvo antes mesmo de se casar!
César: É, tem razão.

Coisas do cotidiano. (:

terça-feira, 8 de abril de 2008

Artistas do Mundo, uni-vos!

Você me diz que não tem dom para escrever.

Eu lhe digo "por quê? Acaso você já ousou?"

Você, timidamente, diz que "sim, já tentei. Mas não fica bom."

"Não" - eu respondo, em voz calma e pausada - "não perguntei se já fez uma tentativa. Lancei-lhe o questionamento: alguma vez já ousou, fora da sua aula de redação, pegar por conta própria lápis e papel e se pôr a escrever, sobre o que quer que seja, sem a preocupação de ser perfeito; e depois mostrar isso a alguém?"

Você pára por um instante. Reflete, busca no passado subsídios para responder à indagação. Mentalmente, confessa a si mesmo, "tenho vergonha. Não escrevo com tanta facilidade quanto os outros..."

Nessa nossa dimensão, onde as paredes, o teto e o chão são a mesma coisa - superfícies brancas e lisas a nos espelhar - e o pensamento se plasma como se projetasse as idéias para fora, eu leio o que se passa na sua mente e lhe revelo: "os outros me descobriram há mais tempo. Apenas essa a diferença."

"Mas... onde estou, e quem és tu? Como consegue me responder antes que eu diga a primeira palavra?". Seu espanto é evidente.

"É meio tarde para você estar conhecendo este lugar pela primeira vez" - pondero - "mas seja bem-vindo ao seu Universo Pessoal. Aqui se nascem as suas primeiras idéias, antes de elas se tornarem pensamentos. Por isso me é tão fácil identificar o que você está pensando."

"De onde você veio?", me perguntas, assustado. Perdão, às vezes eu esqueço de me apresentar!

"Sempre estive aqui, e agora é que você notou a minha existência. Pode me chamar do nome que quiser: eu sou a sua chama, o que faz de você uma individualidade única e diferente de todas. Não tenha medo de estar em evidência; não tema exteriorizar tudo o que há nessa vasta dimensão que até hoje você evitou desvendar. Só existe um igual a você, e este um está fazendo falta no conjunto, lá fora. Não se omita. Brilhe a vossa luz!"

Terminada a experiência transcendental de expansão da própria consciência, você toma contato com o mundo novamente. Relembra as coisas fantásticas que ouviu - que embora nem todos tenham a mesma facilidade para expressar sua arte, não há um ser que tenha nascido sem arte em si - e ouve de novo a minha voz: "Por onde começar?"

~~
Raul, 08/04/08

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Melodias em Dó Maior

Amar vem do verbo em latim amare, que significa sentir forte afeição por algo ou alguém.

Ok, isso não diz muito mesmo.

--

Às vezes a gente se apaixona. Às vezes a gente realmente ama. E nem sempre que realmente amamos, estamos apaixonados. Nem todas as vezes que nos apaixonamos, a gente ama de verdade.

Não, não é confuso, basta saber diferenciar.

--

Mas eu sei?

--

Que confuso.

sexta-feira, 14 de março de 2008

Depósito na Poupança Mundial

Quando um jovem casal, ainda planejando o primeiro filho, vai até um banco e pede ao gerente para abrir uma poupança, é porque sabe que o futuro se constrói, pouco a pouco, pelo que se faz no presente.

Proponho então que seja aberta uma poupança mundial. Não, não de dinheiro, mas de atitudes. E vou lhe explicar como funciona.

Nós temos, em primeiro lugar, que assumir o compromisso. Iremos realizar os depósitos todos os dias. Não vale inventar desculpas, é preciso que sejamos rigorosos quanto a isso.

O que podemos aplicar nessa poupança? Bom-dias, obrigados, sorrisos, abraços. Gestos de simpatia e amizade são um ótimo investimento, e não custam nada! Podemos também adquirir o hábito de separarmos o lixo orgânico do lixo seco reciclável; nem precisa separar por material, pois existe gente que vive de fazer isso. É saldo positivo na nossa poupança global!

E o mais legal de tudo: essa poupança não é individual, e sim de todo mundo! Quanto mais gente estiver aplicando junta, mais ela vai render lucros para o mundo! E esse lucro será dividido entre todos os que colaborarem... porém, nada mais justo que cada um receba os lucros proporcionais ao quanto investiu. Então, quanto mais aplicarmos, mais temos a receber! No entanto, não pense que é uma competição. Todos vão ganhar, conforme houverem investido.

Precisamos lembrar, contudo, que cada atitude negativa é, por sua vez, uma retirada que efetuamos nessa poupança. Ofensas, inveja, fofoca, desperdício; são como contas que irão ser descontadas no saldo do mundo, e isto prejudicará não só a você, mas todas as pessoas. Então, quando você deixa de desperdiçar água, por exemplo, pode a princípio não estar realizando um depósito... mas já não está mais fazendo uma retirada! O que já é um ótimo começo.

Por fim, devemos fazer um acompanhamento diário das nossa aplicações. Quantas atitudes positivas eu depositei hoje, na Poupança Mundial? Quantas "contas" eu fiz? Estou depositando mais do que retirando, ou as dívidas que faço são maiores que as minhas contribuições?

*

Podemos fazer isso para tornar um lugar melhor este em que vivemos?

sábado, 19 de janeiro de 2008

Aula de Biologia

O corpo humano é composto por órgãos, com seus respectivos tecidos; e estes, por suas células.
Aprendi isso na minha aula de Biologia. Durante a explicação, a professora nos mostrou vários tipos de células, e ensinou que cada uma tem uma função no corpo. Uma transporta gases, outra compõe a estrutura do osso, outra carrega informações genéticas para poder reproduzir o ser vivo. Todas elas existem apenas porque servem para alguma coisa. Sendo assim, todas são importantes para o bom funcionamento do organismo.

E o organismo é um patrão exigente. Ele "contrata" células para realizar determinadas tarefas, e se por acaso alguma não está desempenhando sua função, ele logo trata de "expulsar" aquela célula do corpo; pois a lei predominante é a da utilidade.

A professora de Biologia normalmente pára por aí. Mas o aluno atento irá observar que este conceito de não serve apenas para as células. A lei da utilidade também está presente na vida.

Alguém que não conhece o significado da palavra 'facilidade', pois nasceu em uma favela e cresceu convivendo com a necessidade e a privação, pode ser mais feliz que um jovem rico e educado nas mais conceituadas escolas de Brasília. Parece controverso, mas o primeiro está tão ocupado em buscar um futuro melhor que mal sobra tempo pra sofrer. Enquanto isso, gente que 'aparentemente' tem tudo está dormindo à base de remédios, tomando antidepressivos de café-da-manhã e enriquecendo terapeutas por aí, dizendo que Deus não existe e que a vida não tem sentido. E o motivo dessa infelicidade é tão evidente quanto a falta de um objetivo na vida da pessoa.

Tendo isso tudo anotado, o bom estudante faz a análise e se depara novamente com a... lei da utilidade!

"Aí está a natureza, onde tudo tem um porquê e um objetivo, dizendo à célula inativa que ela precisa fazer a sua parte no todo para poder continuar ali..."

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Muitas vezes nós sofremos literalmente à toa. Simplesmente pela falta de uma ocupação proveitosa do nosso tempo, sobra tempo demais para nos preocuparmos com bobagem. E a sensação de vazio é o sinal da natureza, nos relembrando que há muito a fazer, e devemos cumprir com a nossa parte.

Ser útil é um dever, colaborar é um prazer!

Assistimos na TV tanta gente passando fome na África, e gostaríamos de poder fazer algo...
Vemos os órfãos da guerra e desejamos ajudar, mas não sabemos como...
Ouvimos falar da seca nas regiões áridas do Nordeste, e mesmo lamentando, não temos como resolver...


...mas não precisamos ir tão longe. Existem vários lugares perto de você precisando de uma forcinha sua. Seja para servir um prato de comida, ensinar dança, montar cestas básicas, contar uma história... quando há boa-vontade o trabalho aparece!

Lembremos sempre que somos sócios do planeta...

Aviso:

O azul-marinho mudou de domicílio.

Favor enviar as correspondências, cartões-postais, encomendas e a assinatura do jornal para o endereço abaixo:

http://raul-au-lait.blogspot.com


Gradicido.