Desde dezembro do ano passado ouvimos falar sobre os conflitos na região de Gaza, no Oriente Médio, entre israelenses e palestinos. Não é a primeira vez que isso acontece; já estamos acostumados a, vez ou outra, ver na televisão que um homem-bomba atacou aqui, um míssil foi lançado ali, um carro explodiu acolá. Entretanto, o destaque que a mídia internacional vem dando para os conflitos recentes pode significar duas coisas: a primeira, que desta vez a coisa é mais séria; e a segunda, de que a comunidade global não tolera mais, em silêncio, esse tipo de barbárie.
Existe uma tensão na região desde 1948, quando a ONU criou o Estado de Israel "por cima" do território palestino. A medida, que tinha um caráter de "pedido de desculpas" ao povo judeu pelo massacre do Holocausto, durante a Segunda Guerra Mundial, desagradou quem ali morava. Creio que os judeus têm sim direito a um Estado, mas também compreendo a raiva dos palestinos: imagine alguém chegar no Brasil e decretar que dali em diante, cerca de 50% do nosso território se tornaria outro país e receberia uma outra população, tudo isso sem consultar os próprios brasileiros.
Existem muitos motivos que me fazem crer que nessa guerra os dois lados têm razão, ao mesmo tempo que não têm razão nenhuma. O fato é que a ofensiva de Israel contra a região de Gaza já ultrapassou há muito o nível de "autodefesa" e está assumindo ares de genocídio. Da última vez que consultei os números, 13 israelenses haviam morrido na guerra, enquanto o número de palestinos já passava de 700. E entre as vítimas palestinas, a maior parte era de civis, mortos em ataques inclusive à hospitais e escolas da ONU. Pelos dados, qualquer pessoa percebe que a "defesa" de Israel não é, nem um pouco, proporcional aos ataques sofridos, o que faz com que diversos países e organizações pressionem o governo israelense para que assine um cessar-fogo imediato.
Contudo, nem Israel, nem o Hamas, parecem dispostos a entrar em acordo. Não podemos, todavia,
tomar a parte pelo todo; os extremistas são a minoria, e a grande parte do povo dos dois países só quer viver em paz. Chamou-me a atenção o apelo de um grupo de estudantes israelenses que foram presos pelo governo, por se recusarem a lutar em uma guerra com a qual não concordam. Os
Shministim (nome equivalente a "colegiais", em hebreu) são estudantes do que no Brasil se chama de Ensino Médio, e que pela lei de Israel são obrigados a se alistarem nas forças armadas do país. Porém, um grupo deles rejeitou o alistamento, por uma questão de "consciência", já que não concordam com a ofensiva israelense na Palestina, e por isso foram enviados para prisões militares.
O movimento
December 18th (coordenado pela Jewish Voice for Peace) está recolhendo assinaturas do mundo todo, que serão enviadas ao Ministro da Defesa de Israel, pedindo a liberação dos estudantes, de acordo com os Direitos Humanos e as Normas Internacionais. O site onde as assinaturas são enviadas é o
http://december18th.org/. Existe um formulário e uma mensagem já pré-pronta, mas eu preferi arriscar um inglês meia-boca e pedir com as minhas próprias palavras. Passe lá, nem que seja para mandar a mensagem padrão mesmo. É bom mostrar que temos voz, e muita.
Abraço!