sábado, 23 de agosto de 2008

Gratidão

Professora Raquel,

Tudo começou no dia 22 de fevereiro de 2003.

Sabe quando você olha para os lados em meio a desespero e não vê solução.

Tudo pareceu estar perdido. Pessoas me desprezando, fofocas, intrigas, fome, nervoso, preconceitos, discriminação, e já não sabia mais o que fazer.

E confesso que estava cansada e até mesmo desistido de lutar, mas lá no fundo algo me dizia para continuar.

Foi quando surge alguém e me disse para eu ir até o Mello, que lá eles me ajudariam com cesta básica, pois em meio a tantas confusões o desemprego tomava conta.

Foi aí que decidi ir ao Mello, foi como se estivesse entrando num paraíso.

Pessoas sorrindo, me cumprimentando, como se já nos conhecêssemos a tempos.

Fazia muitos anos que eu não sabia o que era ser bem recebida, e pude ver também que as pessoas pelo simples gesto de ajudar eram muito felizes.

Ao ver as pessoas ajudando sem discriminação, pude sentir um grande bem.

Cheguei ao Mello cheia de problemas e tinha medo de ser chutada como já fui, em outros lugares.

Mas a energia positiva que sentia era tão grande que me fez chegar a professora Raquel e expor a ela de uma maneira fiel e obtive a melhor resposta: tinha ali uma amiga.

E assim foi começando, a cada sábado e a cada aula, um ensinamento, uma palavra que servia para mim.

Alguns ensinamentos eu desconhecia e fui tendo com as palavras da professora Raquel, como um consolo e fui mudando psicologicamente como emocionalmente, e quando ela contavas as histórias nos aprofundávamos de tal forma que 01h30 de aula se tornava muito pouco.

E quando dei por mim, eu que sempre fui estourada com os outros, estava adquirindo e aprendendo o que é ser bom, o que nos leva a ter paciência.

E com meus filhos então ao vê-los tão bem tratados.

E no dia das mães que ganhei minha primeira lembrancinha foi um dia que me emocionou tanto e pude ver que ainda existem pessoas que amam nossos filhos como se fossem deles, educando-os, ensinando-os, a crescerem no bem, para que sejam adultos humildes e dignos, que sejam gente.

E seis meses já se passaram e chegou a hora de agradecer.

Professora Raquel, agradeço a senhora por fazer-me enxergar o mundo de maneira diferente e fazer-me enxergar que:

- ao invés de reclamar, agradecer sempre.

- de poder ver se algo é justo ou não

- de olhar para traz e assumir meus erros e começar tudo de novo de cabeça erguida, sendo digna e honesta.

- ao invés da raiva a calma, a paciência, a sabedoria

- ao invés do ódio o perdão.

- ao invés de praticarmos o mal à alguém, praticar sempre o bem, pois com isto alcançaremos todos nossos ideais, pois com o bem nos elevaremos sempre mais.

- e que Deus e Jesus nos ama mesmo se tivermos pecados, buscando reconhecer o erro e não errar mais.

Pois como disse Jesus, em relação a história da mulher adúltera, que atire a primeira pedra aquele que não tiver pecado.

Obrigada professora Raquel por me fazer lembrar que tenho um nome, pois há anos ninguém me chamava por ele.

Obrigada por fazer ver que eu posso ser boa

Obrigada por me ensinar a orar e ter forças para passar pelas minhas provações, sim de cabeça erguida sempre e ter fé.

Agradeço também ao Mello por ter este coração enorme de nos colocar pessoas para dar-nos o ensinamento do bem.

Por serem gentis, por serem tão nobres e que a vida os abençoe dando em dobro o que fazem por mim e pelos outros também.

E quando alguém perguntar se no Mello existe cesta básica, direi que existe sim, mas que a maior cesta é a do amor, do carinho , da compreensão, da amizade que vocês dão a mim e a todos.

E em relação ao curso de Orientação Maternal, ele me fez muito bem. Pude aprender muitas coisas me aprimorando mais ainda nos meus conhecimentos.

A oportunidade de poder sorrir novamente por poder freqüentar um dentista, roupas que ganhei e a felicidade que proporcionaram aos meus filhos.

A Marinei que também nos acompanha com a maior paciência a todos mesmo meu agradecimento.

Não digo que mudei 100%, mas digo sim com orgulho que voltei a me amar e com isso passei a ser mais mãe e que agora sei como orientar meus filhos, pois é tudo que mais quero.

Professora Raquel, suas palavras para mim jamais serão em vão, e sempre serão lembradas , bem usadas e passadas adiante principalmente para meus filhos e é com orgulho que hoje meu marido volta a trabalhar e a paz começa a reinar novamente no meu lar.

Agradeço muito que Deus a abençoes a senhora e a todos da Casa Transitória Fabiano de Cristo.

Sentirei muito sua falta professora Raquel, mas lembre-se de que seus ensinamentos permanecerão em meu coração.

A senhora foi o empurrão que faltava em minha vida.

Beijos

Waneressa.


carta escrita por uma gestante que passou pela Casa Transitória (também conhecida como Mello de Moraes). O texto foi aqui reproduzido na íntegra, sem nenhuma alteração ortográfica.


A Transitória muitas vezes é conhecida apenas pelo trabalho de distribuição de mantimentos. Essa carta, escrita como forma de gratidão por uma gestante da Casa, mostra como o trabalho feito lá é muito maior que isso e se diferencia da maioria dos projetos de assistência social que existem. Pudemos ver, pelas palavras da Waneressa, que as 'aulas da Professora Raquel', o sorriso das pessoas, o carinho com que foi tratada, o ambiente de fraternidade que a acolheu ajudaram a transformar sua vida. O principal foi aprender a ter fé e resolver os problemas com dignidade, paz de espírito e compreensão. Não era a cesta básica, embora esta fosse uma ajuda providencial para que a gestante e sua família não passassem fome.

Assim como essa nossa amiga, eu também tenho uma dívida enorme de gratidão para com esse tal de Mello de Moraes, por tudo que eu aprendi e pelo quanto eu cresci lá dentro. Se você não conhece, faça uma visita algum dia.

Abraços

domingo, 10 de agosto de 2008

Se você não tiver muito tempo...

Se você estiver sem muito tempo, não leia o post logo abaixo deste. Não que ele seja longo - mas talvez eu prefira que você leia isto antes.

Mas leia sem pressa - não passe o olho pelas palavras.
Quem sabe isso seja tão importante para você quanto foi para mim...

Rubem Alves - Escutatória

Abraço!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Presenteie seu Pai e comece a pagar só em Setembro!

Você certamente já está cansado de ouvir isso né? Eu sei. Eu também estou;

Sem contar os similares. (Compre uma Poltrona Reclinável para o seu pai em 24x sem juros! Assine Jornal da Madrugada e concorra a um apartamento para seu pai! Garanta a tranquilidade do seu pai comprando cotações de Plantação de Bananas na Lapônia, aqui no Banco Sudameris!)

Ver TV demais faz você achar que, se não gastar uma fortuninha comprando alguma coisa para o seu pai no próximo Domingo, você não gosta dele tanto assim.
Olha só que bagunça fizemos com o amor.

Pais e mães ausentes, por sua vez, costumam "compensar" a distância com presentes. E quando percebem, em certo momento, que os filhos já não mais os procuram para outra coisa SENÃO pedir dinheiro, não entendem uma coisa simples: já que o carinho e a companhia eles não podem ter; já que a única coisa que conseguem dos pais é dinheiro, então eles vão querer conseguir bastante dinheiro.

A pergunta é: essa troca é válida? Compensa?
Você é que vai responder. Se quiser, entretanto, saber a minha opinião, acho que o dinheiro compra tudo. Você vai a uma loja, escolhe o que quer e compra. Resta saber se em alguma loja do mundo há laços verdadeiros em oferta.

Presente, no Dia dos Pais, não basta dar: é preciso estar. Se isso acontecer, transforme todos os dias em Dia dos Pais. Onde você estiver, esteja. Não deixe os momentos e as pessoas mais importantes da sua vida escorrerem pelos seus dedos.

Veja bem: a propaganda é sempre muito bonita, tudo planejado nos mínimos detalhes para que o sistema continue a funcionar. Os magnatas precisam enriquecer, e para isso você precisa consumir! Eu disse CONSUMIR! :)

"Acumula-se capital a fim de se acumular mais capital. Os capitalistas são como camundongos numa roda, correndo sempre mais depressa a fim de correrem ainda mais depressa"
Immanuel Wallerstein


Rever certos valores. Esse era o objetivo do post, e não exatamente vender alguma coisa, como parecia no começo.